O amor não te atinge
Empedernida esfinge
De enigmas insolúveis
Com palavras lacerantes
Esquartejas tuas amantes
No silêncio da madrugada
Iriene Borges
quarta-feira, 30 de julho de 2008
sexta-feira, 25 de julho de 2008
quinta-feira, 24 de julho de 2008
terça-feira, 22 de julho de 2008
Sexto Soneto- O Perdão
Ouvistes falar poeta, da ira divina
A vingança eterna, o ódio inesgotável
Mitos, ecos da humanidade implacável
Divino é o amor, luz que se dissemina
A ira existe, mas dilui-se em tristeza
Fel que torna o mundo intragável
E como não bastasse é inevitável
Saudade, a ferir-me com delicadeza
Entenda poeta, a natureza dos versos
Não é atender a impulsos perversos
É extravasar-me até purgar a paixão
Por que apesar de teres me denegrido
Me abandonado após ter me ferido
O amor executa de imediato o perdão
Iriene Borges
A vingança eterna, o ódio inesgotável
Mitos, ecos da humanidade implacável
Divino é o amor, luz que se dissemina
A ira existe, mas dilui-se em tristeza
Fel que torna o mundo intragável
E como não bastasse é inevitável
Saudade, a ferir-me com delicadeza
Entenda poeta, a natureza dos versos
Não é atender a impulsos perversos
É extravasar-me até purgar a paixão
Por que apesar de teres me denegrido
Me abandonado após ter me ferido
O amor executa de imediato o perdão
Iriene Borges
domingo, 20 de julho de 2008
Quinto Soneto- A queda
Amaste-me com a mesma devoção
Que dirigias ao ídolo esculpido
Amaste-me, poeta, isso é sabido
Quando, feita carne, desci ao chão
Eu te amei em tensa intensidade
Entrega sem medida ou condição
Não me era vedada a satisfação
Pudores são valores, não verdade
Ah, ruim percepção da humanidade!
O amor puro que supus corresponder
Parecia-te mera luxúria e perversidade
Amaste-me poeta, na fria imobilidade
Porém o medo usastes para perverter
O que era ideal, e eu tornei realidade
Iriene Borges
Que dirigias ao ídolo esculpido
Amaste-me, poeta, isso é sabido
Quando, feita carne, desci ao chão
Eu te amei em tensa intensidade
Entrega sem medida ou condição
Não me era vedada a satisfação
Pudores são valores, não verdade
Ah, ruim percepção da humanidade!
O amor puro que supus corresponder
Parecia-te mera luxúria e perversidade
Amaste-me poeta, na fria imobilidade
Porém o medo usastes para perverter
O que era ideal, e eu tornei realidade
Iriene Borges
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Quarto Soneto- A tua Deusa
Deusa, no mármore representada
Para enfeitar o vazio dos teus altares
Teus incensos rescendiam pelos ares
Tuas palavras me diziam ser amada
Meus pensamentos e os teus colidiam
Quando, poeta, declamavas a oração
Dentro da estátua pulsava um coração
Beijava-me os pés frios e eles sentiam
Um dia, nú e triste, subistes ao altar
Tua alma mostrou-se ali tão pura
E sem perceber comecei a te adorar
Era-me caro o teu contrito desnudar
Aos poucos insuflei vida na escultura
Eu, tua forma ideal, desci para te amar
Iriene Borges
Para enfeitar o vazio dos teus altares
Teus incensos rescendiam pelos ares
Tuas palavras me diziam ser amada
Meus pensamentos e os teus colidiam
Quando, poeta, declamavas a oração
Dentro da estátua pulsava um coração
Beijava-me os pés frios e eles sentiam
Um dia, nú e triste, subistes ao altar
Tua alma mostrou-se ali tão pura
E sem perceber comecei a te adorar
Era-me caro o teu contrito desnudar
Aos poucos insuflei vida na escultura
Eu, tua forma ideal, desci para te amar
Iriene Borges
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Engano
À boca o paladar prende teu gosto
O calor do teu contato dança na pele
Não há água que lave tuas marcas
Nem fogo que incinere teus vestígios
Da eteridade de minh`alma
A eternidade que te dei em pensamento
Talvez tenha feito indelével teus instantes
E errado a dimensão dos teus fragmentos
Iriene Borges
O calor do teu contato dança na pele
Não há água que lave tuas marcas
Nem fogo que incinere teus vestígios
Da eteridade de minh`alma
A eternidade que te dei em pensamento
Talvez tenha feito indelével teus instantes
E errado a dimensão dos teus fragmentos
Iriene Borges
terça-feira, 15 de julho de 2008
A Primeira Resposta
Repito, sempre
E com tanto afinco,
que não me sabes.
E respondes que me vês
Mas bóia em teus olhos imagem
Não correspondente à minha nudez
Minh´alma inteira
Entregue toca a tua
que se dissipa à minha frente
como em um pesadelo
O mundo grita o desespero
que não revelo!
Te sigo.
Lúcida ao extremo
Perplexidade e vertigem
Estrela, relegada
ao percurso das madrugadas
Cobre-me um véu de neblina
Iriene Borges
E com tanto afinco,
que não me sabes.
E respondes que me vês
Mas bóia em teus olhos imagem
Não correspondente à minha nudez
Minh´alma inteira
Entregue toca a tua
que se dissipa à minha frente
como em um pesadelo
O mundo grita o desespero
que não revelo!
Te sigo.
Lúcida ao extremo
Perplexidade e vertigem
Estrela, relegada
ao percurso das madrugadas
Cobre-me um véu de neblina
Iriene Borges
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Resposta ao Poeta
Narciso ao contrário
repeles-me por que teu reflexo
bóia nos meus olhos d água
Perfeitamente otário
tenta me reduzir ao sexo
e medir minh alma a régua
Se me chama de meretriz
e me trata feito cadela
é por que paga amor com mágoa
Cínico me louva boa atriz
por que-ironia singela
teu personagem não dá trégua
Vagabundo e ordinário
não te reconheces no grande poeta
e transfere para mim a tua nódoa
E constituístes teu calvário
amar-me uma mulher completa
e esfacelar-me com tua língua
E constituístes meu calvário
amar, numa felicidade que cresce.
num dia, e que no outro mingua.
Iriene Borges
repeles-me por que teu reflexo
bóia nos meus olhos d água
Perfeitamente otário
tenta me reduzir ao sexo
e medir minh alma a régua
Se me chama de meretriz
e me trata feito cadela
é por que paga amor com mágoa
Cínico me louva boa atriz
por que-ironia singela
teu personagem não dá trégua
Vagabundo e ordinário
não te reconheces no grande poeta
e transfere para mim a tua nódoa
E constituístes teu calvário
amar-me uma mulher completa
e esfacelar-me com tua língua
E constituístes meu calvário
amar, numa felicidade que cresce.
num dia, e que no outro mingua.
Iriene Borges
Eco sem repercussão
Acostume-se à solidão
Preserve-a entre muitos
Erija uma distância
Entre tua alma e as outras
Nada espere dos próximos
E retribua a generosidade
Dos estranhos do acaso
Jamais se habitue
Ao cuidado alheio
Nem se afeiçoe
A qualquer carícia
Esteja alerta
Não se perca em perdas
Nem lamente não ganhar
Seja seca e fria
Qual vento que fustiga
Crepite o fogo eterno
Em sua alma
Mas por fora areia
Do deserto noturno
Mutável como as dunas
A tragar o movimento
Traiçoeiro do mundo
Iriene Borges
Preserve-a entre muitos
Erija uma distância
Entre tua alma e as outras
Nada espere dos próximos
E retribua a generosidade
Dos estranhos do acaso
Jamais se habitue
Ao cuidado alheio
Nem se afeiçoe
A qualquer carícia
Esteja alerta
Não se perca em perdas
Nem lamente não ganhar
Seja seca e fria
Qual vento que fustiga
Crepite o fogo eterno
Em sua alma
Mas por fora areia
Do deserto noturno
Mutável como as dunas
A tragar o movimento
Traiçoeiro do mundo
Iriene Borges
Relato da Espera
Espero ansiosamente.
O cheiro de cigarro ao meu entorno!
Não o dissipa o vapor do banho quente.
Meu pensamento escorre espesso e morno
O cheiro de sebo da sua testa
A impregnar o travesseiro afasta o sono
E um odor leve de suor ainda resta
Nesses lençóis em que me abandono
Espera de eras, horas tristes
Acaricio melancólica as flores roxas
Que meticulosamente espalhastes
Entre o pescoço e a maciez das coxas
Esse desejo que persiste!
O sentir desmesurado e desconexo
Prurido de paixão ordinária, mas insiste
Em transcender a dimensão do sexo
E faz com que eu aceite,
Fúria contida em alegre alarde
Diluindo-se em irrefutável deleite
O que me dás, mesmo vindo tarde
E exige que me deite
Na rede fantasiosa que me aturde
E me dispa para que me enfeite
O véu de ilusões que teu feito urde
Iriene Borges
O cheiro de cigarro ao meu entorno!
Não o dissipa o vapor do banho quente.
Meu pensamento escorre espesso e morno
O cheiro de sebo da sua testa
A impregnar o travesseiro afasta o sono
E um odor leve de suor ainda resta
Nesses lençóis em que me abandono
Espera de eras, horas tristes
Acaricio melancólica as flores roxas
Que meticulosamente espalhastes
Entre o pescoço e a maciez das coxas
Esse desejo que persiste!
O sentir desmesurado e desconexo
Prurido de paixão ordinária, mas insiste
Em transcender a dimensão do sexo
E faz com que eu aceite,
Fúria contida em alegre alarde
Diluindo-se em irrefutável deleite
O que me dás, mesmo vindo tarde
E exige que me deite
Na rede fantasiosa que me aturde
E me dispa para que me enfeite
O véu de ilusões que teu feito urde
Iriene Borges
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