domingo, 30 de agosto de 2009

Delírio da tarde

Há sol lá fora e não quero ir
A saia me estrangula pela cintura
e a bota revelará o passo lerdo
pelo tornozelo esquerdo
Há um engasgo me esperando

Girassol, Náusea, Asfixia

Tenho sono e fastio dos modos humanos
e nenhum interesse na arte do improviso
Há serpentes e odaliscas ondulando sob o sol
Nunca soube distinguir os guizos
No sofá sob a colcha azul
sou a concha que verte o mar
nas almofadas

Não quero ir
Um palmo de luz pela janela já embriaga
e estou certa de que esfolarei a retina
nas asas finas de alguma fada amarela.

Iriene Borges

sábado, 22 de agosto de 2009


Foto: Iriene Borges

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Confissão

Hoje matei um irmão
Meu corpo travou-se gélido
Meu rosto tornou-se pálido
E dilacerado meu coração

Foi num momento de lucidez
Ele dava-me as costas
E esperanças decompostas
O afogaram na morbidez

Então desocupei seu lugar
O limpou um pranto breve
E senti minha alma tão leve
Que não evitei gostar

Assim, porque eu o amava
E ele nunca me amaria
E pela sua enorme covardia
Ele há muito me matava

Iriene Borges

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

foto: Iriene Borges