Eu procuro palavras cheias de esplendor.
Que pareçam simples, mas grandiosas
e retratem em medidas cuidadosas
minha ambição e a miséria interior.
E que transmitam meu amor imperfeito
à arte e à beleza inesgotável da vida.
Através delas minha sensibilidade vertida
em cada coração como se no meu peito.
E digam que vejo tão longe e profundo.
E sinto tanto e tudo tão perto, e voraz,
desejo tudo que vejo e tudo temo demais.
No intento de acertar eu me confundo.
Assim, ouso tentar adestrar o intelecto
para esculpir uma imagem triunfante
sobre esta alma ingênua e petulante
Encobrindo a fragilidade que detecto.
Enquanto insuflo verbos de energia
aturde-me o gosto dúbio da verdade
e dilui-se tênue visão da liberdade
em minha própria alma escorregadia
Iriene Borges