domingo, 30 de maio de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Umbra

Não me ocupes

Vago em luminescências

e rotaciono aluada



Para manter a linha

da mediatriz até o complexo

da cerviz até o sexo

fui sitiada

pelo remorso de existir



No entanto, irrompes a rir

e eu singular e asceta

projeto uma sombra completa

que me intercepta o senso

bem aqui na minha rua

quando alcanço a calçada

sob o primeiro poste

à esquerda



A persigo, e não me desgoste,

não por isso, que ela é tudo

tem o talhe do teu desejo

Pisa o asfalto como meu hálito

roça teus lábios sem beijar

Tem um contorno movediço

que me traga no molejo

e danço

entre o pudor e o vestido

feito pipa no ar.



Nos amamos em teu nome

em cada canto da vila

e inventamos a saudade

de conluio com cada esquina

só assim ela me arrasta pra casa

em êxtase

e some no clarão da porta

que amanhã tem volta

e reprise.



Não me ocupes

para a distância do sorriso

se vago em luminescências

rotaciono aluada



e só me sei sitiada





Iriene Borges