sábado, 12 de junho de 2010

Conforme a música

O verso calco à beleza



Te possuo enquanto a fascinação ascende ânimo

pelos cantos da tua boca





Artífice de linhas imaginárias

curvo-me

à vibração efêmera

de ser teu entretenimento



Volátil como o que provoca

o belo é reinvenção cotidiana

que deponho, a teu gosto,

abstração da minha inteireza.





Iriene Borges

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Pichação

O que entra pela janela torna o vidro palatável

e retratos vivificam paredes e monitores



Pra não me entregar isso não pode fazer sentido


Silêncio a tiquetaquear e nada dorme realmente

se me aprisiona o fascínio refreável pela certeza



Para não me estragar não poderia ter sentido



E já é tarde para amar segundas-feiras em cores

que apascentam o futuro  quando estou presente



Para não me extraviar só posso ir no teu sentido



escrevendo Saudade em lugar visível

sem que alguém perceba ou deduza o nome





Iriene Borges

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Beatriz

A paixão

Só é bela adormecida

em páginas encadernadas

na estante ou na expressão

pictórica do inferno

doravante (sim meu bem,

teu codinome é Beatriz).



E desinventa almas delicadas:

umedece em febre e muco

até despregar um trapo

desapegado

do “final feliz”.



Alma só tem serventia

até a transformação

do sapo, que depois

magia é esconjuro

entre coxas,  sacralizado

em meneio de quadris.



Mas que Poeta

em rasgos de paixão

não escreve a ficção do amor

em cada cicatriz?


Iriene Borges